quinta-feira, abril 14, 2005

Relação entre a Maçonaria e o ocultismo

Pensabem.net traduce al portugués unos textos del historiador protestante César Vidal, sin duda alguna una de las poquísimas figuras salvables del pavoroso panorama mediático español. César Vidal es abogado, filósofo y Doctor en Historia y actualmente dirige el progama La Linterna, en la cadena COPE. Estos artículos fueron publicados originalmente aquí y aquí en Libertad Digital, una página de centro-derecha liberal que se ha convertido en referente internético por su buen quehacer y su sensatez en la mayor parte de sus juicios.
Como comentario marginal me sorprendió este post de José Adelino Maltez, cuya valoración dejo a nuestros lectores.
Del agnosticismo (y el paganismo) al ocultismo (y a la Viuda) hay un paso.
Y pequeño.
Reproducimos a continuación uno de esos textos traducidos al portugués.

RCS

«A lenda «cor-de-rosa» da Maçonaria insiste em afirmar que esta não passa de uma sociedade discreta (não secreta) guiada por princípios filantrópicos e que a pertença à mesma não entra em conflito com a afiliação em qualquer confissão religiosa, seja ela o catolicismo, o islamismo, ou qualquer igreja evangélica. A realidade histórica é, então, muito diferente. É certo que, ao longo da história, tem havido católicos, muçulmanos e inclusivamente protestantes maçons, mas a incompatibilidade entre as crenças das lojas e os conteúdos da Bíblia é evidente.
No presente artigo e nos seguintes, ocupar-nos-emos de maneira precisa de um aspecto, a nosso ver, essencial: o papel representado pela maçonaria no reflorescer do ocultismo contemporâneo.
A Maçonaria contou, desde a sua fundação, com um conteúdo acentuadamente gnóstico. É certo que, para não poucos maçons, esta circunstância se torna um tanto embaraçosa na actualidade. Os factos, no entanto, não se podem negar, desde as primeiras obras da Maçonaria até aos escritos de autores maçons do século XX. É precisamente este carácter gnóstico, secreto, ocultista, que exige um processo de iniciação para nele ingressar, que explica, pelo menos em parte, a enorme importância que a Maçonaria tem tido no reflorescer do ocultismo nos últimos séculos, até ao ponto que não é exagerado dizer que este não se podia ter dado sem aquela. Sem dúvida, um dos casos mais significativos a este respeito é o de Albert Pike, uma das figuras mais importantes da Maçonaria do século XIX.
Albert Pike nasceu no dia 29 de Dezembro de 1809, em Boston. Estudou em Harvard e foi general de brigada no exército confederado durante a guerra da Secessão dos EUA. No final do conflito, Pike foi condenado por traição e preso, mas no dia 22 de Abril de 1866, foi indultado pelo Presidente Andrew Johnson, também ele maçon. No dia seguinte, os dois «irmãos» encontraram-se na Casa Branca e, certamente, não ficou por aí a relação entre estes dois maçons. No dia 20 de Junho de 1867, Johnson ascendeu ao grau 32 da Maçonaria e mandará construir, posteriormente, até um templo maçónico em Boston, cidade natal de Pike. Este receberá mais tarde o privilégio de ser o único militar confederado que contou com um monumento em sua honra, na cidade de Washington.
Pike foi um homem verdadeiramente «excepcional», com um talento extraordinário para a aprendizagem de línguas e uma vastíssima cultura. Maçon, de grau 33, fez parte também do Ku Klux Klan – a vinculação entre as duas sociedades secretas é uma das questões historicamente mais incómodas para a Maçonaria dos EUA – e foi, sobretudo, o autor de um conjunto de obras que tentavam mostrar a cosmovisão da Maçonaria. O seu livro mais importante intitula-se «Moral e Dogma do antigo e aceite rito escocês da Maçonaria» e foi publicado em 1871.
«Moral e Dogma» é uma obra muito extensa, com quase 900 páginas, na qual se descrevem os 32 graus do rito maçónico referido anteriormente. Contudo, o mais interessante é a forma com que Pike pormenorizando uma filosofia que, por definição, não pode encaixar com o Cristianismo e que se nutre, além disso, a partir de raízes abertamente pagãs e mistéricas.
Para Pike, os relatos da Bíblia não correspondem à realidade histórica – uma afirmação que choca directamente com o conteúdo das Escrituras – mas ocultam antes uma realidade esotérica. Contudo, «alguns entre os hebreus (...) possuíam um conhecimento da natureza e dos atributos verdadeiros de Deus; tal como uma classe semelhante de homens noutras nações – Zoroastro, Manu, Confúcio, Sócrates e Platão».«A comunicação deste conhecimento e de outros conhecimentos secretos, alguns dos quais, quiçá, se perderam, constituíam, embora com outras designações, o que hoje chamamos Maçonaria ou Franco-maçonaria. Este conhecimento era, em certo sentido, a «a palavra perdida», dada a conhecer aos Grandes eleitos, perfeitos e sublimes maçons» (op.cit., pág. 207).
Face a este ensinamento mistérico, preservado pela maçonaria, Pike dizia que «as doutrinas da Bíblia não se encontram frequentemente vestidas na linguagem da verdade estrita», (pág. 224). O ponto de partida é, portanto, óbvio e, em boa medida, pode-se dizer que este ponto de partida é a Gnose, - a qual nasceu mais ou menos no mesmo período e no mesmo espaço em que nasceu o Cristianismo - e o ocultismo contemporâneo. A primeira premissa afirma que a Bíblia – base essencial do Cristianismo – não é fiável e a segunda afirma que a verdade se encontra nas mãos de um pequeno grupo de iniciados, que a transmitiu ao logo dos séculos.
De facto, para quem ainda ficasse com alguma dúvida sobre a adscrição filosófica da Maçonaria, Pike indica taxativamente que a «esta ciência dos mistérios se deu o nome de Gnose» (pág. 248). Trata-se de uma ciência sincrética na qual se combinam doutrinas orientais e ocidentais (pág. 275) que «foram adoptadas pelos cabalistas e depois pelos gnósticos» (pág. 282).
Daí que a chave da Maçonaria sejam os mistérios, cuja origem é desconhecida (pág. 353), mas que podemos encontrar em diversas religiões pagãs e que, «apesar das descrições que certos autores, especialmente os cristãos, possam ter feito deles, continuam a permanecer em estado puro» (pág. 358). Estes mistérios são os de Ísis e de Osíris no Egipto (págs. 369 e ss. e 379 e ss.) – cujo «objectivo era político» (pág. 382) -, mas também «a ciência oculta dos antigos magos» (pág. 839). De facto, incluem de maneira essencial, «o significado oculto e profundo do Inefável Nome da deidade» (pág. 649).
A Maçonaria – Pike não o nega nem oculta, mas afirma-o de maneira incisiva – prega uma religião, mas esta é a «religião universal, ensinada pela Natureza e pela Razão» (pág. 718). Esta afirmação é bastante clarificadora, uma vez que reconhece abertamente o conteúdo religioso da Maçonaria – apesar de insistir que se pode manter qualquer crença religiosa no seu seio – e explica, por sua vez, o entronizamento de deidades como a deusa Razão durante a Revolução Francesa, deusa que devia, supostamente, destituir o Deus cristão do seu lugar e substuí-lo pela deusa Razão.
Por outro lado, e apesar de insistir em dizer que as crenças maçónicas não criam obstáculos a outras crenças, Pike não hesita em fazer afirmações que são absolutamente incompatíveis com não poucas religiões, como por exemplo a de que «a alma humana é ela própria um daimonios, isto é, um deus que está dentro da nossa mente, capaz, mediante o seu próprio poder de rivalizar com a canonização do herói, de se tornar imortal pela prática do bem e da contemplação do belo e do verdadeiro» (pág. 393) – uma afirmação auto-deificadora de índole claramente pagã -, ou «a doutrina da transmigração das almas» (pág. 399).
É ainda mais peculiar a afirmação de Pike que refere que «o Bafomet, o carneiro hermafrodita de Mendes», é o princípio vital ao qual se prestou historicamente adoração, e cuja simbologia pode ser também «a serpente que devora a sua própria cauda» (pág. 734). De facto, Bafomet torna a ser mencionado um pouco mais adiante, como o símbolo adequado da «lei da prudência» (pág. 779).
Albert Pike – à semelhança de não poucos ocultistas e teólogos cristãos da actualidade – não admitia a existência do diabo, o anjo decaído que se opôs a Deus, e era muito incisivo a este respeito. Assim, afirmava: «O verdadeiro nome de satanás, segundo dizem os cabalistas, é Yahveh; porque satanás não é um deus negro (...) para os iniciados não é uma pessoa, mas uma força, criada para o bem, mas que pode servir para o mal. É o instrumento da Liberdade ou da Vontade livre» (Albert Pike, Morals and Dogma, 32 grado, mestre maçon, pág. 102). E insistia: «Não existe um demónio rebelde, do mal, ou príncipe das trevas coexistente e em eterna controvérsia com Deus, ou o príncipe da Luz» (A. Pike, Morals and Dogma, 32 grado, pag. 859).
No entanto, esta negação do princípio do mal era acompanhada – e aqui salta à vista, novamente, o paralelo com o ocultismo ou a gnose – de um canto a Lúcifer, como aquele que está contido no livro «Moral e Dogma», ao explicar o grau 19 : «Lúcifer, o que leva-luz! Estranho e misterioso nome para se dar ao Espírito da obscuridade, por excelência! Lúcifer, o filho da manhã! Por acaso é ele quem leva a luz e com os seus esplendores intoleráveis cega as almas débeis, sensuais ou egoístas? Não o duvideis! Porque as tradições estão cheias de Revelações e Inspirações Divinas: e a Inspiração não é de uma Era ou de um Credo» (pág. 321).
Com base nestes antecedentes, não surpreende que Pike tenha evoluído em direcção a um luciferanismo, entendido não no sentido da adoração de satanás, como às vezes erroneamente se interpreta, mas no sentido do culto de Lúcifer como o ser pessoal que revelou a Luz dos mistérios aos eleitos e que aparece historicamente representado em vários mitos pagãos e nos mistérios da Antiguidade. Trata-se, novamente, de um facto incómodo para não poucos maçons da actualidade, mas que foi reconhecido abertamente por outros.«Moral e Dogma» é um dos livros de leitura obrigatória para entender a Maçonaria e, no entanto, de maneira bem pouco justificada, foi deixado passar por alto em não poucos estudos dedicados a este tema. Apesar disso, foi precisamente pelo seu carácter didáctico, extenso e paradigmático que era até há poucas décadas oferecido às pessoas que iniciavam nos EUA nos graus superiores da Maçonaria.
Contudo, possivelmente o mais importante da obra não é apenas a maneira com que expressa a cosmovisão maçónica, mas também o modo como ela nos é mostrada num paralelo claro com os ensinamentos do ocultismo contemporâneo e do movimento da Nova Era ou New Age. O sincretismo religioso, a redução de Jesus a um mero mestre de moral ou a um simples conhecedor de mistérios, o apelo claro à Gnose, a crença na reencarnação ou a insistência em afirmar que o ser humano é um deus com possibilidades praticamente infinitas, são marcas características deste ocultismo e, como teremos ocasião de ver nos capítulos seguintes desta série, as semelhanças não obedecem à casualidade.»

1 comentários:

Anónimo disse...

Sinto muito lhe informar mas a religião católica está embazada no ocultismo maçônico, o papa João Paulo II era macon, Papa Francisco e macon. Dentro do Vaticano tem duas lojas maçônicas. Bento XVI renunciou por causa do seu discurso duro contra as sociedades secretas. É triste mas é verdade.